Sabia que o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma emergência médica, sendo atualmente a principal causa de morte e incapacidade permanente em Portugal?

Para prevenir a doença, devem ser adotados hábitos de vida saudáveis como comer de forma equilibrada, não fumar e praticar exercício físico regular. É importante acompanhar especialmente pacientes com hipertensão, diabetes ou arritmias cardíacas.

Caso note um ou mais destes sintomas: falta de força num braço, boca a pender para um dos lados ou dificuldade em falar contacte de imediato a emergência médica.

As primeiras horas após o início dos sintomas de AVC são essenciais para o socorro da vítima. É pequena a janela temporal que garante a eficácia dos principais tratamentos.

Depois do AVC: Como Cuidar e Acompanhar?

Um AVC afeta o cérebro e o funcionamento do organismo de variadas maneiras. Podem ser necessários vários meses de tratamento e acompanhamento para reabilitar parcial ou totalmente o corpo e a mente. Para o familiar ou a pessoa que cuida diariamente de um Idoso que sofreu um AVC, é fundamental aprender a lidar com os efeitos da doença.

Estes são alguns dos efeitos secundários que podem ocorrer a um Idoso que sofreu um AVC e como se pode lidar com cada um deles.

Comportamentos inadequados

Atitudes exacerbadas ou descontroladas podem ter início algum tempo após o episódio de AVC. Por vezes a pessoa ri quando nada é engraçado ou chora quando nem aparentava estar desanimada. Sentimentos de raiva e frustração são completamente naturais uma vez que, de um momento para o outro, toda a sua vida se alterou. As alterações de personalidade ou de estados emocionais devem ser entendidos com empatia e compreensão, uma vez que decorrem de alterações cerebrais. Recorra sempre a profissionais de saúde quando necessário para diagnóstico e possível ajuste de medicação.

Após um AVC pode também ser comum a pessoa passar muito tempo sem interesse pelo ambiente em redor (apatia) ou reagir e falar de forma diferente do passado.

• A melhor resposta à apatia é a atividade. Estimule a pessoa a realizar atividades durante o dia para combater estados alterados e até depressivos.

• A terapia ou consulta de um psicólogo ou psiquiatra é uma ferramenta valiosa para ajudar o Idoso a lidar com as alterações no próprio corpo e mente e auxiliar as famílias nesta fase de adaptação.

Fadiga extrema e problemas de sono

A terapia de recuperação, por ter maiores resultados quanto mais intensiva é, acaba por ser extenuante para a pessoa que passa pelo processo.

A fadiga pós-AVC vai além do simples «cansaço». É importante monitorizar o sono do idoso, e a sua qualidade, após um AVC para identificar possíveis problemas de saúde que se desenvolvem posteriormente.

Além do cansaço físico e mental da recuperação, a toma de medicamentos, a dieta alterada, o sono interrompido e problemas de saúde mental podem afetar no aumento do nível de fadiga pós-AVC.

• É de extrema importância que o idoso que sofreu um AVC tenha acompanhamento regular com um médico e profissionais especializados.

• Deverá haver uma distinta separação entre atividades que são realizadas durante o dia e durante a noite, preparando a hora de deitar com uma rotina própria. Será ideal seguir as dicas que damos no nosso artigo sobre como dormir melhor para regular o dia-a-dia e melhorar o descanso da pessoa em recuperação.

Para além da atenção aos efeitos secundários que a doença provoca no dia a dia do Idoso, é importante evitar potenciais erros no cuidado diário. Estes são os erros mais comuns de cuidadores/familiares de Idosos que sofreram um AVC.

Só fazer os exercícios na fisioterapia

A fisioterapia envolve exercícios específicos que estimulam várias áreas do cérebro, além de prevenir atrofias e melhorar a força e coordenação. A atividade física regular é absolutamente necessária. Para ajudar o seu familiar a recuperar, estimule-o a realizar os exercícios ensinados pelo fisioterapeuta em casa, diariamente.

Posicionamentos incorretos ou falta de posicionamento

O posicionamento correto, além de proporcionar conforto e bem-estar, é fundamental para a recuperação. Devido às alterações de sensibilidade e do controlo de movimentos, o Idoso pode não ser capaz de sentir que se está a magoar. Estimule a mudança de posição regularmente. Utilize almofadas de apoio, protetores de calcanhares e colchão anti-escara, sempre que necessário.

Levantar puxando pelo braço afetado

Ao posicionar ou ajudar a caminhar, nunca puxe o Idoso pelo braço afetado. Fique atento para que este braço esteja sempre bem apoiado durante as atividades diárias. Em alguns casos, o profissional de saúde poderá recomendar um equipamento para estabilizar a articulação do ombro e prevenir dor.

Fazer tudo pelo Idoso

Alguns familiares, acreditando fazer o melhor pelo Idoso, prestam demasiada ajuda, o que leva a que o Idoso não faça o suficiente pelos seus próprios meios e, por conseguinte, perca movimento e a confiança em si próprio. Deve deixar-se que o Idoso execute sozinho as tarefas que consegue, mesmo que demore mais tempo. Estimule a independência e ajude no que for preciso, mas não faça tudo pela pessoa.

Dicas rápidas no cuidado da pessoa que sofreu um AVC:

• Dê preferência a roupas simples e confortáveis mas ao gosto do Idoso. É importante reforçar a sua autoestima num período tão sensível.

• Se o Idoso tem um braço comprometido, vista primeiro este braço. Ao retirar a roupa, inicie pelo braço "saudável".

• Coloque as roupas/objetos de utilização diária em locais de fácil acesso.

• Se o Idoso costuma levantar-se á noite para ir ao WC, deixe a luz acesa.

• Ofereça alimentos cortados em pedaços pequenos para facilitar a mastigação.

• Se não houver restrição, ofereça líquidos frequentemente.

A recuperação de um AVC é um processo lento e muito desafiante tanto para a pessoa afetada como para a família. Por vezes pode parecer que não está a ser feito progresso algum mas não perca a esperança e continue a estimular a pessoa em recuperação. Mesmo nos casos em que não é possível recuperar totalmente, a presença ativa da família é fundamental para ajudar o Idoso a encarar o dia-a-dia de forma positiva.

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